terça-feira, 12 de março de 2013

A mão que doa nem ao pé retorna


Torneando sonhos a doação engana
À expectativa disfarça e a maldade
Prevalece
Inaudíveis os sons dos sussurros almados
Desarmados em desacordo com a epidemia vigente
Esse contentar, não contente
No vazio que entorna, se compraz na indigna
Fidelidade
Do sonho desconcreto
Do desejo inacabado
A liberdade então profunda assusta
Nem tanto pelo que resmunga
Mas pelo tanto do que escarnece
Vislumbra rubra
A certeza do garantido
Mofado com ideologias infundadas
Adestrado tal quão cão enjeitado
Temeroso dela, dum mergulho profundo
No inabitável, no aturdido
Trapaceiro tortuoso
Que de tão simples dubitável:
A morte.  
danapestano
11/01/2013

Ocupência


O largo improdutivo e profundo da profusa sobrevivência
Escarnece dos ocupados
Ignora as incertezas
E vela a si próprio com inadulterado prazer
Sequela toda virtuosa busca com a sagaz elegância de manipulador,
Ventríloquo de verdades sem extremos
Sem comprovantes, sem necessidades
Calcado na vulnerabilidade do movimento
Livre de qualquer função, perigo ou hipocrisia
Deveras etéreo, simples e inconciso
É a voracidade da vida cismada
Sem paixão, sem resolutismos
Cheia de autismos e desnecessários
Bastada em si e por tudo
Morta, todo dia,
Em nome de si mesma.
danapestano
08/jan/2013

Inconstância


E a negra dor da inconstância
Invade, auspiciosa e paulatinamente,
Minha mente e cerne
Invade meus poros com sua inegável
Força e maleabilidade aquosa
Eu, ao desfazer-me em tentativas equilibristas,
Me resto apenas em suspiros
De sonhos, ódios e prazeres deveras escondidos
Tão profundos que parecem tênue miragem
Desgaste de futuro passado
Lamento de voo raso
Auspícios de ave que pensa cortar o ar
A vida e a suposta coerência
Ao seu bel prazer
A despeito da corrente
A despeito da sobrevida
Intrépida e precisa
Pra onde?
Não sei.
Nem digo.
Dana
22/novembro/2012

Pretérito Imperfeito




JAZ NO DEDO AFLITO A IDÉIA DA ESCRITA INERTE

DIANTE DO ARTÍCE GRITO
ENVERGONHADO DE SUA PERPETUOSIDADE
AMENDRONTADO DIANTE DUM FUTURO LEITOR IMPROVAVEL
ENROSCA-SE NA PRÓPRIA E AUTOINDUZIDA IMPRODUTIVIDADE
ESCASSEANDO AS ENERGIAS EM PALAVRAS DEVERAS VAZIAS
ESPARGIDAS PELO AR
SÔFREGO E NAUSEABUNDO EM MEIO A UM GRUPO QUALQUER
SABENDO DE ANTEMÃO O DESACORDO ENTRE
VIDA E GOSTO
FALA E GOZO
PRETÉRITO, PERFEITO E VERDADE.