"Aquele, acolá, que se dizia belo, não compreendia a amizade. Meu pai, que era cruel, tinha amigos e sabia amá-los. Nunca se mostrava sensível à decepção, que é avareza frustrada. A decepção não passa de baixeza. Se tu amaste um certo não sei quê no homem, que importa haver no mesmo homem outra coisa que te desagrada? Mas tu, não, senhor: transformas logo a seguir em escravo quem amas ou quem te ama. Se ele não assume os encargos dessa escravidão, tu o condenas.
O outro que fez? Tinha um amigo que lhe fazia presente do seu amor. Vai ele e transforma esse presente em dever. E a dádiva do amor tornou-se dever de beber a cicuta, tornou-se escravatura. O amigo não gostava da cicuta. O outro deu-se por desiludido, o que é ignóbil. Efetivamente, só pode haver decepção relativamente a um escravo que servia mal."
(p 133, Cidadela, Saint-Exupéry)
segunda-feira, 22 de junho de 2020
terça-feira, 26 de abril de 2016
tantos fins..
O que era sonho em dor se transformou
Sugando em crescente colapso as forças de mutação que dantes
saltavam aos olhos
Esbugalhavam conceitos e tensionavam universos
Agora a escória do intento
Lugar, apenas desalento
Infrutífera sobreposição de ideias, ideais, conflitantes
desmundos
Criativa desilusão, dormente à vontade
Inerte à exatidão.
Aflige o inacabado como nem começado
Desperdiça o caminho andado ao não conseguir, à frente, nem
um passo a mais.
Não depende mais, do quanto se ama ou do quanto se esquece,
Mas do muito que perde ao nem sentir que ganha.
26 novembro 2014
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Pra não dizer que não falei..
Dos idos concursos do PQP:
Hoje é assim
amar é não corresponder nunca nem obter o esperado
é desatinar no conceito de cotidiano
e se achar nas asas da liberdade
é não perder-se de si
mas achar ao outro,
a ti,
é saber da não convergência e aceitar
que é longe ou impossível,
o meu, somado ao teu,
caminho.
PROSDOIS _ O princípio
Escrita livre. Nela dou vazão aos devaneios que circundam confusos em minha mente. Ando em círculos. Texto. Pensando evitar os pensamentos que vêm a mim como "flashs" impossíveis de serem evitados. Confesso. Te quero. Mas não quero. Oh, como quero, quero do modo mais displicente, te quero, apenas, não tão ausente. Ah, que tão fecunda seja a autópsia dos amores passados, quando dignificados pela luz de um incerto e desconhecido talvez. Não é a incerteza que me atrai, mas o intrínseco escondido, enclausurado sob a máscara da necessária distância cotidiana.
Alice/Dana
Sob os auspícios de Tuaíh.
azul é a cor mais cinza, de tão verde que se apresenta
Não sei como ser tão vazia
quando o cinza me define tão bem:
da solidão concreta
às fugidias nuvens
Nada me escapa..
enquanto tanto ainda assusta.
Mais de tanto mesmo
amores que tanto curam
somente quando convém
Um brinde ao cuidado,
não do outro,
mas daquela autopreservação
que paulatinamente mata
tanto a confiança quanto a espontaneidade.
quando o cinza me define tão bem:
da solidão concreta
às fugidias nuvens
Nada me escapa..
enquanto tanto ainda assusta.
Mais de tanto mesmo
amores que tanto curam
somente quando convém
Um brinde ao cuidado,
não do outro,
mas daquela autopreservação
que paulatinamente mata
tanto a confiança quanto a espontaneidade.
só hoje
Assusta a tão brincada fuga
acompanhada da displicente ausência
em tão escasso momento 'oportuno'.
A fragilidade encanta tão rápido
quanto causa o fastio..
e tudo morno viça tanto
que minhas lágrimas salgadas e ardentes
tomam de assalto toda a beleza
há tanto tão forte e escondida.
E não é, de todo, o tempo quem me consome o tônus
mas sim essa mania de se ir inteira
até que não reste nenhuma colheita.
acompanhada da displicente ausência
em tão escasso momento 'oportuno'.
A fragilidade encanta tão rápido
quanto causa o fastio..
e tudo morno viça tanto
que minhas lágrimas salgadas e ardentes
tomam de assalto toda a beleza
há tanto tão forte e escondida.
E não é, de todo, o tempo quem me consome o tônus
mas sim essa mania de se ir inteira
até que não reste nenhuma colheita.
segunda-feira, 6 de abril de 2015
Sonhos, mãos, afagos e naufrágios
Pus o meu sonho num navio
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecilia Meireles
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